Diante dos novos desafios do século XXI, a educação buscou novos caminhos e ferramentas para se reinventar. Um desses caminhos é o modelo chamado metodologias ativas, em que o aluno deixa de ser passivo no processo de aprendizagem e se torna um agente ativo na construção do seu conhecimento.
As metodologias ativas têm se consolidado como uma estratégia pedagógica, tanto para o desenvolvimento de competências dos alunos, como para quebrar com o conceito tradicional sobre o que é ensinar.
Nesse contexto, as metodologias ativas precisam dialogar também com as diferentes iniciativas, projetos e espaços pedagógicos existentes na dinâmica da escola. Um desses novos espaços, que vem conquistando cada vez mais lugar no contexto escolar, é o espaço maker, ambiente onde a criatividade, autonomia e disposição para buscar soluções é trabalhado e estimulado.
O Espaço Maker contribui de maneira ativa para o aprendizado do aluno, a partir de atividades mão na massa e conexões curriculares, além de ser um ambiente onde diferentes tipos de metodologias ativas podem ser trabalhadas. Como afirma Dale Doutgherty, fundador da Make – primeira revista produzida sobre o movimento Maker, em 2005: “os espaços maker são criados primeiro para os alunos e suas necessidades, não para a instituição de ensino”.
Dessa forma, podemos observar uma interseção entre o objetivo das metodologias ativas e do Espaço Maker: colocar o aluno em primeiro plano, para que assim seja o protagonista do próprio aprendizado.
Dado isso, como as metodologias ativas podem fazer a diferença no Espaço Maker da sua escola?
Espaço Maker como ferramenta pedagógica: 4 estratégias
É cada vez mais recorrente o número de instituições de ensino inclinadas à adoção de metodologias ativas. Se as fórmulas mais tradicionais focam na teoria e pouco na imersão do sujeito na prática, esses novos modelos transformam o aprendizado ao engajar e envolver os estudantes.
Com foco em objetivos pedagógicos muito bem definidos, existem diversas estratégias dentro das metodologias ativas que podem ser aplicadas com muito sucesso dentro de um espaço maker. Abaixo destacaremos quatro delas:
O estudo de caso
Paul Lawrence afirma que “um bom estudo de caso é o veículo por meio do qual uma parte da realidade é trazida para a sala de aula”. Dessa forma, o estudante é desafiado a explorar sua capacidade de solucionar problemas extraídos de situações do mundo real. Isso permite ao aluno aumentar seu repertório, investigar, e se envolver no processo de dar vida à teoria – e teoria à vida.
Essa estratégia, dentro das metodologias ativas, pede também uma nova postura do professor. Pois nesse cenário, o aluno investiga, lidera, apresenta e decide, enquanto o professor facilita, envolve e avalia, deixando de ser o centro do processo e o detentor de todo o conhecimento.
O Espaço Maker, considerando a proposta dessa metodologia ativa, oferece muitas ferramentas para o processo de investigação do aluno, tendo também a estrutura física favorável para a dinâmica desse tipo de aula.
A aprendizagem entre pares ou times (TBL)
A proposta da aprendizagem entre pares e times (Team-based Learning) é de estimular a troca e a construção de ideias por meio do trabalho em grupo. Essa estratégia possibilita maior colaboração e compartilhamento de informações entre os alunos e, dessa forma, eles podem ensinar e aprender ao mesmo tempo.
É essencial a construção de times/grupos mistos e que os alunos estejam engajados com o processo. Por exemplo, por que criar um time somente com alunos que gostam de matemática e outro só com estudantes que adoram geografia? Uma divisão homogênea pode trazer um déficit de aprendizado, assim como afastar os estudantes da proposta de trabalho em grupo.
Preparo prévio não é um pré-requisito, pois dentro da proposta do TBL os alunos desenvolvem os conhecimentos e habilidades necessárias de forma intrínseca durante as atividades e desafios propostos. Quando os alunos estão muito engajados, o professor pode ir além e lançar desafios para os grupos antes, durante ou após as aulas. Mas, nesse caso é importante estimular os alunos a se preparem previamente para as aulas.
Essa estratégia pode ser potencializada dentro do Espaço Maker, pois além de uma estrutura física propicia para o trabalho em grupo, os desafios podem ter formatos ainda mais inovadores. Com as diferentes ferramentas, tecnológicas e manuais, os alunos podem explorar e se aprofundar em novas soluções e possibilidades, expandindo assim seu repertório.
Sala de aula invertida
A sala de aula invertida – em inglês, flipped classroom – é uma metodologia ativa onde o estudante tem acesso aos conteúdos online. Consequentemente o tempo em sala se torna mais participativo e produtivo, e menos expositivo.
Para isso, é necessário que os estudantes cheguem com conhecimento prévio, pois assim podem aproveitar o tempo em sala tirando dúvidas com os professores e interagindo com os colegas.
Desse modo, o espaço da escola fica aberto para o desenvolvimento de projetos, resolução de problemas ou analises de estudos de caso. Tal fato incentiva o interesse das turmas nas aulas e libera tempo o desenvolvimento de novas competências, habilidades e conteúdos.
Usar o tempo das aulas expositivas dentro do espaço maker é uma possibilidade de trabalhar a interdisciplinaridade, viabilizando que o aluno conecte aprendizados de diferentes matérias.
A aprendizagem baseada em projetos ou problemas
A Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL) propõe aliar a construção do conhecimento de forma ativa à solução colaborativa de desafios, chamados problemas. Nessa estratégia, o aluno é estimulado a sair da sua zona de conforto para explorar soluções dentro de um contexto específico e criar projetos. Assim, ele aprender a administrar recursos disponíveis, definir prazos e a trabalhar em grupo.
Esse processo desperta nos estudantes então o lado inventivo, crítico e colaborativo, habilidades muito importantes para o século XXI.
A PBL possibilita o trabalho interdisciplinar, envolvendo competências e temáticas de diversas matérias curriculares como Ciências, Artes Matemática, etc. Além disso, essa metodologia ativa abre espaço para que o aluno, em sua jornada, desenvolva competências socioemocionais como a autonomia, curiosidade, resolução de problemas e comunicação interpessoal.
Mas como implementar a PBL? Destacamos sete fase importantes:
- Identificar termos difíceis: expressões ou termos que podem atrapalhar o entendimento do problema;
- Definir os problemas: listar problemas da escola, bairro ou comunidade;
- Analisar os problemas: importante discutir o que cada aluno sabe sobre os problemas listados e, assim, encontrar possíveis soluções (hipóteses);
- Resumo: criar uma síntese do que foi discutido – problemas, conhecimentos dos alunos, soluções e vantagens e desvantagens da aplicação delas;
- Formular objetivos de aprendizado: serve de apoio para o estudante entender em qual área seu conhecimento pode ser expandido;
- Buscar informações: com a identificação de onde o conhecimento ainda não é amplo, o estudante parte em busca de informações para expandir alguns temas, essa parte pode ser trabalhada de forma individual;
- Discutir possíveis soluções: um novo encontro que serve para toda a equipe mostrar o que aprendeu e se essas novas informações podem integrar as soluções já debatidas.
Aplicando essa metodologia dentro do Espaço Maker, o estudante tem acesso a muito mais ferramentas e a possibilidades de conexões interdisciplinares, enriquecendo seu processo de aprendizado e criação.
Uso de Metodologias ativas no Espaço Maker: criar e aprender com significado
Como vimos durante o artigo, um dos grandes desafios das escolas é saber como dar significado pedagógico e integrar novas metodologias e espaços. Com o Espaço Maker não é diferente. Ele reúne ferramentas pedagógicas e tecnologias que, junto com metodologias ativas, permitem os alunos a explorar diferentes conhecimentos e habilidades e, assim, aplicá-los de maneira prática no dia a dia.
Considerados parte de uma revolução criativa, assim como foi a Renascença em sua época, os laboratórios e Espaços Maker fomentam a cultura de inovação e a interdisciplinaridade nas escolas. Sem contar que esses ambientes, ao estimular o desenvolvimento de habilidades e competências, são uma ferramenta a mais para preparar os alunos para os desafios do século XXI.
Ao implementar espaços makers em conjunto metodologias ativas, as escolas incentivam os alunos a assumirem o papel de protagonistas e assim transitam de maneira mais fluida entras as diferentes disciplina e áreas de conhecimento.
Dentro da proposta da Cultura Maker, os alunos vivenciam Matemática, Geografia, Ciência, Física, História, bem como uma série de outras disciplinas de maneira integrada, deixando claro que a aprendizagem é um processo dinâmico, contínuo e inerente à curiosidade que nos torna humanos.
O que acha de conhecer um pouco mais sobre a proposta pedagógica dos espaços makers e da Cultura Maker? Acompanhe as publicações do blog do Nave à Vela e tenha acesso às principais novidades sobre este e outros tópicos da Cultura e do Movimento Maker.