As “competências para o século 21” são assim chamadas por um simples motivo: os desafios de duas décadas atrás não são os mesmos de hoje — e precisamos nos adaptar para resolvê-los. Dentre as mais essenciais para esse processo de evolução, temos:
- Empatia: conectar-se emocionalmente com o outro, compreender e fazer-se compreender por meio da escuta ativa, inclusive em situações adversas, respeitando os valores e sentimentos envolvidos nas interações;
- Colaboração: atuar compartilhando responsabilidade, respeitando as diferenças e as decisões coletivas;
- Autonomia: saber fazer escolhas e tomar decisões acerca de questões pessoais e do grupo de forma responsável e solidária.
Para que jovens possam se desenvolver nesses pontos, é preciso que eles assumam um papel absolutamente ativo em sua formação, o que é facilitado pela Cultura Maker — e pelo Espaço Maker como parte de sua estratégia de ensino.
Vale dizer: o desenvolvimento de competências socioemocionais não vem para substituir o ensino de habilidades acadêmicas como a escrita ou a matemática, e sim para complementá-las e facilitar o aprendizado em todas as disciplinas.
Inclusive, é possível trabalhar a Cultura Maker mesmo fora de espaços de inovação, por meio de metodologias ativas, que colocam o aluno no centro do processo de aprendizagem e estimulam seu protagonismo. Esse é um processo que irradia em todos os ambientes da escola e de sua vida, como um todo.
Uma Atitude Maker
O Espaço Maker é um espaço de auto expressão. Quando se dá aos alunos a oportunidade de criarem projetos e exercitarem a experimentação, utilizando materiais, mecanismos e tecnologias distintas, eles assumem uma “Atitude Maker”, que os permite prototipar, errar, acertar e utilizar criatividade para a resolução de problemas por diferentes pontos de vista.
Essa atitude os deixa mais motivados, eleva sua autoestima, capacidade de comunicação e trabalho em grupo.
No entanto, só é possível desenvolver essas competências quando sabemos o que deve ser desenvolvido. O estudante precisa ter clareza do que ele vai trabalhar nesse espaço e o que é esperado dele. Por isso, é importantíssima a figura do professor, sua habilidade de ler o comportamento de cada aluno e dedicar um olhar atento e individualizado.
“Quando falamos de um olhar atento, é um olhar para o que esse estudante precisa desenvolver. Isso está muito ligado com os conceitos de emoção e sentimento”, explica Célia Senna, diretora do InovAção. “Emoção é o que consigo ver sendo manifestado. O sentimento é o que está por trás”, complementa.
Para trabalhar o desenvolvimento das competências para o século XXI, cabe ao educador ajudar os jovens a lidarem com seus sentimentos para expressá-los de forma saudável. Isso significa também personalizar o ensino de acordo com suas dificuldades e fortalezas, evitar forçar situações para as quais o aluno não está preparado, incluí-lo em processos de construção coletiva e sempre estimulá-lo a persistir em seus objetivos e interagir de forma colaborativa.
Abaixo, sugerimos algumas boas práticas da Cultura Maker para abrir caminho ao desenvolvimento de competências socioemocionais em sala de aula:
- Evite abordagens punitivas. Uma repreensão tão simples quanto dizer “isto está errado”, ou “não é dessa forma” pode ter um efeito negativo no desenvolvimento a longo prazo. Ajude o estudante a encontrar um outro caminho para se expressar ou realizar uma tarefa.
- Incentive a participação. Se em um grupo apenas um aluno fala, ou alguns alunos ficam em silêncio, é importante o educador abrir um espaço dedicado a cada um para que tenham a oportunidade de se expressarem.
- Atribua funções. Distribua responsabilidades para os estudantes ao longo das aulas. Por exemplo: um é o relator, outro controla o tempo, outros 2 buscam o material, outros 3 arrumam… essa é uma estratégia que ajuda a estimular colaboração, além de organizar o espaço.
- Valorize saberes diferentes. Cada aluno se destaca ou tem dificuldades em determinados pontos — saiba quais são eles e incentive os que sabem mais a auxiliar a classe, transitando entre grupos. Isso vale também para competências socioemocionais, em que um apoia o outro para lidarem melhor com suas emoções.
- Evite minar processos criativos. Se um aluno escuta que ele não sabe fazer algo direito, ele pode tomar essa afirmação como verdade e desistir, ou criar uma barreira a longo prazo. Incentive-o a buscar ajuda, persistir e saber que todos temos um processo próprio de evolução.
- Estimule a coautoria da gestão do espaço. Construa com os estudantes a proposta do Espaço Maker, as regras de conduta e de utilização. É muito diferente de ditar como eles devem se portar. Além do que, geralmente, regras são muito fundamentadas no “não”: mais interessante, aqui, é criar regras afirmativas. Por exemplo, em vez de “não correr”, dizer que “neste espaço se caminha”.
- Estabeleça objetivos comuns. E garante que esse processo de construção também seja coletivo. Dessa forma, alunos se co-responsabilizam pelos resultados alcançados e aprendem a contar com o time para se desenvolverem em suas especificidades.
- Proponha autoavaliações. Preferencialmente, uma ao início do projeto, uma no meio e outra no final, para que o progresso de cada estudante possa ser mensurado a partir de sua própria autorreflexão. Esta também é uma oportunidade de desmistificar olhar sobre avaliações, deixando claro que esse é um processo de autoconhecimento que não influencia notas sobre seu desempenho.
- Evite comparações. Ainda que seja importante reconhecer pontos fortes e fracos para que jovens se ajudem, o desenvolvimento do aluno deve ser medido somente comparando seu passado a seu presente, nunca fazendo paralelos com as competências dos outros.
Muito pode ser alcançado através do Maker, mas podemos ir além dela. Podemos criar uma poderosa Cultura de Inovação, que utilizando a Cultura Maker como ferramenta, gera alunos mais preparados para o novo século. Para saber como o Nave à Vela pode dar suporte à sua escola nessa jornada, não deixe de conhecer nossas iniciativas.